terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Seu Nestor X Ressonância Schumann

O que foi provado da tal de Ressonância Schumann , que afirma que o meu dia não tem mais 24 horas, mas 16h?



Assim fica impossível seguir a dica do seu Nestor, um senhor simpático, mineiro e falador, de 82 anos, sentado ontem próximo ao parquinho da minha quadra, que olhava as crianças brincando e me dizia que a sabedoria da vida consiste em dormir 8 horas, trabalhar 8 horas e usar as outras 8 pro divertimento - puxando bem nos erres.

Tivemos uma engraçada conversa que terminou com um sábio conselho: “há mais de 40 anos, eu danço 4 horas, três vezes por semana. Você bote os seus filhos numa escola de dança de salão, viu? Porque o dançarino sabe levar as moças e daí não se corre o risco delas devolverem os meninos pra mãe, depois dos 20 e poucos anos, por falha de pegada”(pausa pra minha vontade de espocar de rir com essa).


Entre idas ao passado e voltas repentinas aos dias atuais (ele é fã do Lula:“ali tem um homem de fibra, mas o coração dele é bobo e engana ele”), ele me contou que foi médico, sempre foi "desse jeito delicadíssimo", teve mais de uma esposa “oficial” - teve quatro e com elas fez oito filhos - e que nunca admitiu ser mal tratado, sob nenhuma hipótese. O preço disso podia ser ele sumir de um dia pro outro, sem maiores explicações, deixando como rastro apenas o detalhe da falta de um par de meias e uma cueca, na gaveta. E de menos uma muda de roupa, no armário.


Ele catequisa que ninguém tem que ser infeliz ou tolerar falta de cuidado, “porque o que seca o coração é a falta de delicadeza, poesia e atenção”. Mas reconhece que, quando muito novo, “pode ser que tenha sido impaciente ou intolerante”. E confessa que apenas de uma das moças ele tem saudades reais, porque “era boa pessoa demais, com um coração doce, tranqüilo e sereno. Me chamava de Tôzinho”. Um tipo de gente rara, segundo ele.


Seu Nestor tem um brilho inquieto, um jeito de quem ainda se encanta com o mundo. Eu perguntei o que ele mais gostava de fazer e ele mandou: “gosto de ler e gosto de gente. Num a gente imagina, no outro a gente descobre. Gosto muito de conhecer gente. Com mais de 80, tenho um faro apurado pras pessoas de bom coração. E, cercado delas, acho que emplaco 2025!”


Por causa da proliferação de bares nas redondezas, tema que quase o leva à ira, ele terminou a conversa me contando um negócio engraçado, de um ex-sogro que gostava muito de “tomar as cachacinhas”, coisa que ele jamais se habituou a fazer. A família da ex-mulher já andava cansada das muitas tentativas em fazê-lo deixar de beber e a sogra era um espetáculo: mulher jovem e cheia de energia, animada, “sacudidona” e visivelmente decepcionada pelo péssimo hábito do marido. Seu Tôzinho tinha passado uma tarde na casa da família e, na hora de ir embora, disse ao sogro: “se eu fosse você, eu parava com isso, largava esse copo...porque se eu que sou genro pegava, imagine os outros”. Nem o AA faria melhor: o cara deixou de beber no outro dia.


E se não fosse a urgência dos 5 anos do meu caçula, eu teria ficado mais. Fico sempre encantada com gente que fala bem... E ouviria por horas e horas histórias assim.
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Cenouras e cenoures,
sou a mais nova possuidora de uma Falmiseta!
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RÁ!
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ATENÇÃO: Apenas babadores inoxidáveis darão conta dessa gosma verde e ácida que escorre sem controle de suas bocas!

4 comentários:

ludelfuego disse...

meu sonho é ficar assim sabe, total forrest gump

Anônimo disse...

só podia ser mineiro.. né bela ..
adoro a sabedoria.
bj do anjo

Mi disse...

Afe que saudades de vc, doida!
beijocas

Anônimo disse...

Dorei seu Nestorr. Beijos da sua Quase xará!