Eu passo muito tempo sem escrever - não que eu faça alguma coisa que preste nesse sentido -, escrever pra mim, no meu canto, sem a exigência da profissão.
Não são temporadas mudinhas, de recolhimento, não. São épocas de esterilidade, quando eu estou, pura e simplesmente. Quando parece que eu me alheio. Fico vendo, de olho parado, a vida acontecendo, dentro e fora de mim.
Estranhamento, desconforto e silêncio. E o que me completa as muitas lacunas são coisas que desde sempre eu uso, as minhas tábuas de salvação: letras, sons, toques, cores, gostos, cheiros, abraços, colos, amores, imagens...tudo de alguém. É uma apropriação mesmo, descarada.
Ai eu vou voltando, em doses homeopáticas, em fragmentos, frases soltas...
O que segue são anotações, perdidas entre notas de espresso, recibos do mercado, contas de luz, quadro de medalhas, roteiros de sites, dados do TSE, indicação de um hidratante anti-rugas, planejamento de aniversário do filho, discussões do Supremo, datas de reunião e recados.
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Tenho ouvido bastante, olhado muito, falado menos, mas rido de-ma-is. Chorado um pouco, às vezes, mas por só por maus motivos. Pode apostar que são os piores: filmes, livros, olhares e abraços de despedida. Só golpe baixo.
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Saudade da Beth. Arrumar um dia pra ligar pra Beth... e ficar hooooras.
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De sonho eu nem quero falar...O último foi real, atormentado, um deus-nos-acuda. E longo. Infernalmente longo. Acordei pra engarguelar o marido.
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Raiva, indignação e rebeldia são coisas que eu devo abandonar, em prol da minha saúde. Preciso meditar.
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Incrível como eu ando morta de amores pelos meus amados de sempre. Deve ser isso que me põe nessa espécie de berlinda, de tempos em tempos.
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Em um mês, eu terei um filho de 15 anos...
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Tenho tido mais insônias do que eu já estava acostumada.
“... já não haveria mais tempo para nada, porque já teria amanhecido e quando amanhece, pensou, as pessoas fazem coisas prosaicas, caseiras, uma ilusão de ordem, feito escovar dentes, pentear cabelos, bater travesseiros...”*
*Caio Fernando Abreu, em Pela Noite – Triângulo das Águas
4 comentários:
Eu me identifico tanto com teus momentos de silêncio...
E ter um filho de 15 anos é bom demais! Daqui a um mês e meio eu terei um de 16, olhe só.
Tirando o filho de 15 anmos posso copiar o resto? É como me sinto!
Já te disse que te amo? Bela, te amo muito!
Oii Bela! passei pra dar uma olhadela e bateu uma vontade de rever você e o André... é bom conversar c pessoas inteligentes e bem humoradas como vocês!
Vamos nos falar! meu cel: 9843-0906
Ah, vai lá visitar o blog, meu e de uma amiga, sobre o q acontece em Brasília, inclusive moooda! ;)
www.innabsbstyle.blogspot.com
Grande beijo!
Ah, querida, daqui a 02 dias, terei uma filha de 11 anos!!!!!!!!
Mas que pensa ter 15/16....beijos...
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